08/03/2020 | Dia Internacional da Mulher: conquistas e desafios ao gênero feminino
Domingo, 8 de março de 2020
Em comemoração à data, ouvimos as vozes de mulheres que ocupam diferentes espaços no CEFET-MG, a fim de que apresentem suas percepções sobre ser mulher, hoje

Hoje é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Para marcar a data, a Secretaria de Comunicação Social do CEFET-MG ouviu as vozes de mulheres que estudam ou trabalham na Instituição. Elas foram convidadas a falarem sobre si e a apontar as principais lutas enfrentadas pelo gênero feminino na atualidade.
Francislaine Alves dos Santos, 26 anos, casada e mãe de uma filha de 8 anos. Funcionária terceirizada do setor de limpeza
“Interrompi os estudos no primeiro ano do Ensino Médio, quando engravidei. Na época, depois que minha filha nasceu, tentei retornar para a escola, mas não tinha com quem deixá-la e a levava à aula, mas não conseguia prestar atenção no professor, pois ela não ficava quieta (claro, porque era um bebê). Meu sonho sempre foi fazer um curso de Informática e agora vai ser possível realizá-lo aqui no CEFET-MG. Sou eternamente grata a Deus por esta oportunidade. Eu também estou participando do projeto Escrita de si. Agora, falando um pouco sobre as mulheres: somos símbolo de força e determinação. Ser mulher é ter no coração um lugar para todos os sonhos do mundo. Conquistas? Eu não percebo muitas. Ainda há muito o que melhorar, basta olharmos os índices de violência contra as mulheres. Merecemos mais respeito, amor e dedicação por tudo que somos.”
Karina André Boline, 17 anos, alegre, autêntica, mãe, sonhadora, doceira e ama festas de aniversário. Aluna do curso técnico em Informática no campus Leopoldina
“Ser mulher dói”, dizia a cabeleira quando eu me queixava de dor na cabeça enquanto ela escovava meu cabelo, quando ainda criança. Sabia que ser mulher doía, mas não imaginava o quanto. Ser mulher dói na entrevista de emprego, na rua à noite e em muitos outros lugares. É através da dor que nasce a força. Iniciei o curso no CEFET-MG em 2017. Ao final de 2018, descobri minha gravidez. Eu só tinha 16 anos! Precisei ser forte. Entrei de licença dos estudos no dia 01.07.2019 e no dia 29.07.2019 a minha maior riqueza veio ao mundo, Davi Lucas. Depois de 7 meses retornei ao CEFET, já no 3° ano. Não é fácil. Há dias em que chego exausta em casa a ponto de chorar de dor. Outros em que meu celular desperta e a vontade que tenho é de ficar ali deitada o resto do dia. Mas está tudo bem! Sou forte porque batalho diariamente para realizar cada um dos meus sonhos. Sou mãe, mas não perdi minha essência, ela se multiplicou! Ser mulher/mãe não é empecilho para estudar, trabalhar, sonhar e realizar.
Ludmila Guimarães, mulher, mãe, companheira, professora, tutora, cientista e apaixonada pelo que faz
“Acordo todos os dias bem cedo. Penso que preciso correr. Não dá para enrolar na cama, porque logo Laura está acordando, e gosto de curtir um pouquinho com ela e com meu companheiro. Então, segue o dia: faço atividade física, volto para casa, preparo leite para a Laura, brinco um pouco com ela e sento em meu escritório para começar os trabalhos. Aula de francês, bancas, leituras de trabalhos e várias outras atividades e conciliar isso tudo com a escola da Laura, jantar, fazer dormir. (“Mãããe, mas eu não quero dormir!”. “Vai dormir sim, menina!”. E assim vai até às 23h, meia-noite… No outro dia começa tudo de novo. Carregar esse lugar da mulher que dá conta de tudo não é fácil. Ao mesmo tempo, sinto que cada vez mais é necessário tirar lá do útero uma forma própria de fazer acontecer. Digo do útero, pois toda mulher carrega algo do gestar. Gestar relações, esperança e, quem sabe, filhos. Acredito que a potência da transformação das mulheres nesse mundo de homens possa romper barreiras inimagináveis. Como professora e cientista, carrego a convicção da luta diária pelo lugar da mulher: da mulher branca, da mulher negra, da mulher cientista, da mulher que pode ser o que quiser. Onde ela quiser. Como ela quiser.”
Radija Ohanna, mulher, filha de Iemanjá, cineasta, sonhadora, taurina sempre comilona e devoradora de livros. Estagiária no setor de Audiovisual
“Acho que ser mulher é ser várias em uma só. Vejo em mim reflexo das minhas avós, tias e de minha mãe. São espelhos que mostram o que a gente quer ser e o que não quer ser também. Noto que cada vez mais estamos nos empoderando, lutando por um lugar de voz e indo atrás das inúmeras coisas que nos foram negadas durante séculos. Porém, ainda temos mais a lamentar do que comemorar. Somos as maiores vítimas de abusos, seja no âmbito emocional, amoroso, nos espaços sociais e no ambiente de trabalho. Ainda temos que sair de casa armadas até os dentes para enfrentar uma sociedade machista e patriarcal. Acho que nos falta mais união. Temos que nos ajudar em favor de nossos direitos, estudar mais sobre o feminismo e aprender a respeitar as diferenças. Sobre ser uma mulher no CEFET? É sobre buscar nosso lugar de voz, como fazemos em outros campos da vida, mas o melhor de estar aqui é pode conhecer todas as outras mulheres incríveis e se sentir rodeada por outras grandes almas femininas e batalhadoras.
Redação – Secretaria de Comunicação Social/CEFET-MG