05/11/2024 | Empresas juniores e PETs transformam estudantes em agentes de conhecimento
Terça-feira, 5 de novembro de 2024

Paulo Freire sintetiza a ideia do que é a educação: um ato criador. A partir dela, estudantes adquirem autonomia, consciência crítica e capacidade de decisão. Duas iniciativas evidenciam esse lugar de protagonismo estudantil: as empresas juniores e o Programa de Educação Tutorial (PET). Por meio delas, o conhecimento é posto em movimento e a universidade cumpre o seu papel: formar agentes de transformação social.
Administrando habilidades
“Como presidente da empresa, desenvolvi habilidades estratégicas e de liderança. Aprendi a conduzir uma equipe de forma eficaz e a tomar decisões empresariais com confiança”. Aos 21 anos, a estudante do 5° período do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária Esther Queiroz é responsável pela gestão da Horizonte Consultoria Ambiental. Ela é a diretora-presidente, há mais de um ano, da empresa júnior do CEFET-MG que oferece serviços de consultorias técnicas e cursos de capacitação e educação ambiental.
As empresas juniores são geridas por estudantes matriculados em seus respectivos cursos e, como qualquer outra empresa, os trabalhos exigem profissionalismo, comprometimento e dedicação. Características fundamentais para o crescimento pessoal e profissional de Esther. O interesse em fazer parte da empresa veio do desejo de adquirir conhecimentos práticos em consultoria ambiental e ganhar experiência em projetos. “Queria me preparar melhor para futuras oportunidades de estágio e aplicar o que aprendi em situações reais dentro da Horizonte, além de desenvolver as habilidades que buscava na minha trajetória profissional”, afirma.
A estudante ressalta o amadurecimento e a organização que impactou diretamente na gestão do tempo para os estudos. “Além disso, adquiri um grande conhecimento sobre consultoria ambiental. Tive a oportunidade de expandir meu networking de forma significativa, conectando-me com profissionais”, afirma.
Protagonismo e networking ressaltados também pela mestranda em Administração pelo CEFET-MG Eduarda Moravia, 26 anos. Cofundadora e Conselheira Estratégica da empresa júnior de Engenharia de Computação, Commit Jr., ela é atuante desde a fundação em 2019. “Sempre tive um grande interesse pelo movimento empresa júnior, pois sabia que era uma experiência que me proporcionaria o desenvolvimento de várias habilidades técnicas e comportamentais que poderiam me abrir portas”, afirma Eduarda.
Habilidades, destacadas por Eduarda, como comunicação, liderança, estratégia e trabalho em equipe, bem como o desenvolvimento do perfil empreendedor. “A empresa abriu as portas para a minha participação em projetos de extensão e contou pontos para que, ao longo da graduação, eu pudesse realizar um intercâmbio. A minha participação se torna um diferencial no meu currículo, tornando-me mais atrativa para o mercado de trabalho”, destaca Eduarda.
Desafios
Esther e Eduarda compartilham do mesmo pensamento com relação aos benefícios em fazer parte das empresas, no entanto, as estudantes entendem que há desafios nesse caminho. “Apesar da flexibilidade de horários, surgem demandas urgentes que, muitas vezes, coincidem com períodos de provas e entregas de trabalhos acadêmicos. Conciliar o tempo entre essas responsabilidades é uma das maiores dificuldades, exigindo bastante disciplina e organização”, explica Esther.
Para o coordenador de Inovação e Empreendedorismo do CEFET-MG, professor Daniel Hasan, a empresa júnior é uma possibilidade de o aluno desempenhar o que aprendeu na prática. “Além disso, ele vai ter um protagonismo muito grande. Orientados por professores, os estudantes negociam com a empresa, lideram as equipes para desenvolver e oferecer um determinado serviço. Dessa forma, eles adquirem habilidades técnicas e sociocomportamentais de liderança, gestão de conflitos, negociação e comunicação”, explica.
Panorama
Segundo dados da Confederação Brasileira de Empresas Juniores, Brasil Júnior, são 1612 empresas juniores espalhadas em todo o país, em mais de 361 instituições de ensino superior.
Em 2023, 148 estudantes do CEFET-MG participaram de empresas juniores. Atualmente, a Instituição possui nove empresas juniores em diferentes áreas do conhecimento. Recentemente, foi aprovada, pelo Conselho Diretor, a Política de Empresas Juniores.
Aprender fazendo
Colocar estudantes como protagonistas em ações de ensino, pesquisa e extensão a partir do contato deles com demandas sociais e do setor produtivo. Essa é a razão de ser do Programa de Educação Tutorial (PET), um diferencial na formação técnica e humana de profissionais que passam pela iniciativa.
É o que relatam os petianos, como são chamados os membros do grupo, a partir das suas vivências dentro de uma ação que transforma o olhar deles para a profissão que escolheram, mas, sobretudo, para o outro. O PET é um programa desenvolvido por grupos de estudantes, com tutoria de um docente, em cursos de graduação. Os grupos são heterogêneos, com alunos de diversos anos e interesses distintos
Roberta Berno é petiana no PET da Engenharia de Controle e Automação em Leopoldina desde outubro de 2022. Em dois anos, ela participou de eventos como a Mostra de Cursos; ações com empreendedores de Leopoldina e região; integrou o “Delas para Elas”, iniciativa que busca trazer o público feminino para o mundo das ciências, tecnologias e engenharias. Também escreveu três artigos científicos para apresentação em congressos.
“Recomendo que todos os alunos da graduação participem do PET. A experiência que se adquire é diferenciada, além das vivências profissionais que são muitas. Isso acrescenta no nosso pessoal, seja por trabalhar em grupo, tomar decisões importantes em projetos e na questão de solidariedade: levar oportunidades a alunos de escolas com alta vulnerabilidade social e receber carinho em forma de agradecimento é surreal”, destaca.
“O grupo PET foi a melhor escolha e experiência na Engenharia”
Quem também viu a sua perspectiva mudar durante o curso graças ao PET Engenharia Elétrica do campus Nepomuceno foi a estudante Mariana Lima, que desde abril de 2023 tem se envolvido em diversas atividades extracurriculares com lastro social.
Ela participou das feiras de ciências das escolas públicas de Nepomuceno; do II Festival de Arte, Cinema e Cozinha Mineira no município; de curso sobre a plataforma Google Workspace com alunos que mais tarde ingressariam nos cursos técnicos do CEFET-MG; da Oficina de Eletrônica para estudantes do 9º ano de uma escola estadual, com vários deles inscritos no vestibular da Instituição. Ela também produziu quatro artigos para congressos.
“O Programa vem me capacitando cada dia mais na área profissional e também como ser humano. Ele é bem mais do que realizar atividades de pesquisa e extensão, pois nos faz desenvolver habilidades como liderança, comunicação e colaboração. Isso tudo é muito valorizado no mercado de trabalho”, descreve.
“Além de bem-visto no mercado de trabalho, o PET amplia oportunidades”
Quem participa desde 2023 de um PET que extrapola as disciplinas do seu curso de Engenharia de Computação é o aluno Bruno Lima , do Programa de Educação Tutorial Interdisciplinar de Timóteo (PETIT).
Em apenas um ano, Bruno se envolveu em um projeto de caixa de areia de realidade aumentada, premiado durante a 32º META do CEFET-MG; foi responsável pela revitalização do CinePET, em parceria com o grêmio; participou de observações astronômicas; realizou estudos sobre modelagem de previsão de surtos de dengue com dados do município de Timóteo.
“O Programa oferece experiências valiosas que dificilmente seriam adquiridas apenas com atividades acadêmicas tradicionais. Vale a pena dedicar um tempo para conhecer o que é o PET. A experiência é única e extremamente enriquecedora. Recomendo a todos que experimentem ou, pelo menos, conheçam essa ação, garanto que será uma vivência valiosa”, finaliza.
Leia a edição nº 29 do Diagrama no site da Secretaria de Comunicação Social (Secom).
Coordenação de Jornalismo e Conteúdo – SECOM / CEFET-MG