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CEFET-MG

18/12/2017 | Embrapa integra empresas e universidades em hackathon inédito no Brasil

Segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Desenvolver soluções digitais para a pecuária de leite foi o objetivo dos estudantes de 17 instituições de ensino envolvidos em uma maratona que durou cinco dias

Rubens Neiva

Vacathon. Esse termo estranho, formado pela união das palavras vaca e hackathon, denominou a primeira maratona de estudantes para o desenvolvimento de soluções digitais para o setor rural brasileiro, que começou na quarta-feira (06/12) e terminou no domingo (10/12). O evento, idealizado pela Embrapa Gado de Leite, ocorreu na sede da empresa, em Juiz de Fora (MG). Duas dezenas de instituições públicas e privadas se uniram para a realização do hackathon (que, por sinal, também é a união de duas palavras inglesas: hacker e marathon).

Num clima festivo de união em prol da ciência e da tecnologia, os cerca de 100 estudantes dividiram-se em 16 equipes. Muitos deles eram de cursos ligados à Tecnologia da Informação (TI), mas havia vários cursando ciências agrárias. Todos, no entanto, estavam destinados a levar a indústria 4.0 para o meio rural. Num curto período de tempo, eles visitaram uma indústria de laticínios e os sistemas de produção de leite do campo experimental da Embrapa Gado de Leite a procura de problemas que suas expertises em softwares, hardwares e ciências agrárias pudessem resolver.

Por 48 horas, os estudantes ficaram imersos nos problemas detectados, sendo auxiliados por pesquisadores, analistas, profissionais de TI, professores e empresários. A nova geração se unindo com os mais experientes para solucionar velhos problemas. As universidades se unindo com instituições públicas de pesquisa e empresas privadas, concentrando esforços em prol da ciência aplicada. O chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, disse que todos saíram vencedores dessa maratona e que a iniciativa abre novos caminhos, aproximando o campo de uma geração extremamente ágil, capaz de levar essa nova “revolução industrial” para o meio rural. Todas as equipes obtiveram reconhecimento pela participação, mas a instituição premiou com troféus as cinco primeiras soluções, destacadas a seguir:

1º – Cow App – Desenvolvido pelos estudantes do Insper (SP) inclui um sistema integrado de hardware e software que permite o produtor informar, por meio da voz, ao aplicativo os diversos custos da propriedade. Um sensor instalado na coleta do leite passa os dados de produção de cada vaca para o sistema por meio de um programa da IBM. Posteriormente, o produtor é informado sobre a diferença entre receitas e despesas do negócio.

2º – Silvitec – Os estudantes da Cotemig (MG) apresentaram uma solução que inclui o mapeamento da fazenda e faz uma projeção de receitas e despesas com a exploração de madeira na fazenda. O programa se adequa aos conceitos de Integração, Lavoura, Pecuária e Florestas, preconizado pela Embrapa.

3º – Insigth Tech Pasto – Apresentada pelos estudantes da UFJF (MG), é um sistema de gerenciamento de pasto com sensores de quantificação de clorofila e de composição e umidade do solo. Os sensores medem a qualidade da forragem e a disponibilidade de nutrientes e água. Os dados são cruzados com a previsão meteorológica para ativar um sensor de irrigação de forma autônoma, auxiliando o produtor no manejo das pastagens.

4º – MastLess – A mastite, principal problema de saúde animal na pecuária de leite, foi o foco dos estudantes da UFV (MG). A solução proposta envolve o monitoramento eletrônico das vacas do rebanho, identificando os animais com o problema e auxiliando o produtor na tomada de decisões, envolvendo o tratamento e o descarte do leite.

5º – Safe Milk – A solução para o controle da mastite também foi o foco dos estudantes do CEFET-MG. O diferencial foi a identificação da mastite subclínica, mas difícil de ser percebida pelo produtor por não apresentar sintomas aparentes. A doença seria detectada por meio de sensores que identificariam a alteração do leite produzido pela vaca com mastite.

Todas essas soluções ainda fazem parte do plano das ideias e não foram testadas no ambiente produtivo. Nem tiveram tempo para isso. Mas na velocidade com que anda a indústria 4.0, não devem demorar muito para se tornar realidade. A experiência de união entre Embrapa, universidades e empresas privadas foi avaliada por todos os participantes como muito positiva e os estudantes já aguardam um Vacathon II no Ideas for Milk 2018.

Ideas for Milk – O Vacathon foi uma das duas atividades que integraram o Ideas for Milk, evento realizado pelo segundo ano consecutivo pela Embrapa Gado de Leite. A outra atividade foi o Desafio de Startups, criado para estimular o desenvolvimento de ideias inovadoras baseadas em softwares web, aplicativos mobile e soluções em hardware para a cadeia produtiva do leite.

Para o desafio de startups, inscreveram-se 83 concorrentes de todo o Brasil e dez foram selecionadas para a final, que foi realizada no dia nove de dezembro. As propostas foram julgadas por uma banca formada por pesquisadores, analistas e representantes de empresas do setor. O primeiro colocado foi uma startup de Piracicaba (SP), que desenvolveu o Systech Feeder, sistema inovador de nutrição para bezerras leiteiras em tempo real. O propósito do produto é definir o momento exato do desaleitamento, otimizando tempo, mão-de-obra e reduzindo custos com alimentação das bezerras.

O chefe geral da Embrapa Gado de Leite afirma que o evento é uma forma de dar visibilidade às startups, abrindo possibilidades de negócios para jovens empresas capazes de levar soluções tecnológicas para o campo. Em 2016, o Ideas for Milk chamou a atenção de investidores do Sillicon Valley (EUA). “O governo da Índia, maior produtor mundial de leite, também demonstrou interesse em acompanhar o processo brasileiro de inclusão do agronegócio do leite na indústria 4.0”, informa Martins. O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, defende que o Ideas for Milk deve ser expandido para outras unidades da Empresa. “Precisamos ter Ideas for Coffee, Ideas for Beef, Ideas for Lamb… Toda a Embrapa deve se mobilizar para essas novas ideias”, concluiu Lopes.

Mais informações sobre o Ideas for Milk estão disponíveis no site http://www.ideasformilk.com.br.